Gestão de Caixa: O oxigênio das pequenas empresas

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Duas constatações a partir de pesquisas científicas e relatórios do Sebrae são importantes para introduzir neste assunto: As pequenas empresas geram maioria dos empregos no país e são responsáveis por grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Além disso, um fato que gera preocupação é que tais empresas, dentre as quais incluem-se as microempresas e empreendedores individuais, possuem pouca ou nenhuma formalização no que diz respeito à organização de suas atividades, contabilidade e gestão empresarial. Tal situação significa perda de eficiência e pode acentuar alguma eventual dificuldade econômico-financeira para tais negócios.

Somado a essa realidade ainda temos os desafios econômicos provocados pela pandemia de Covid-19: dados recentes do Sebrae indicam que os pequenos negócios são os mais impactados, pois circunstâncias relacionadas ao porte, competitividade, disputa acirrada de mercado por preços e baixos investimentos em tecnologia dificulta o atravessamento da crise por parte dos pequenos negócios, especialmente aqueles que carecem de organização e gestão financeira.

Dentre as situações acima destacadas ainda existe um outro aspecto que é característico desse tipo de negócio: a falta de fôlego financeiro para as micro e pequenas empresas, destacadamente capital de giro insuficiente e gestão de caixa ineficiente.

Isso ocorre, tanto pela ausência de organização e de contabilidade formal, quanto pelos papéis assumidos pelos proprietários do negócio, que se desdobram para “fazer acontecer” em detrimento de atividades típicas da gestão financeira.

Apesar desse cenário nebuloso, os pequenos possuem vantagens tais como agilidade em absorver mudanças e de se aproveitar do comércio regional, que podem ser combinadas a uma gestão financeira para se promover a eficiência do negócio, ou mesmo para a recuperação dos efeitos da crise. 

Com base nesse contexto, aqui estão quatro dicas simples e aplicáveis à realidade de pequenos negócios:

1) Lucro não é caixa. “Como assim lucro não é caixa? Se eu tenho saldo em caixa, esse é o meu lucro! ” Não é bem assim que funciona. As empresas têm duas dinâmicas bem definidas, a financeira e a econômica. A dimensão financeira refere-se à movimentação de recursos, ou seja, entradas (recebimentos) e saídas (desembolsos) de dinheiro. Já a dimensão econômica é uma concepção para a apuração do resultado, ou seja, indica lucro ou prejuízo, e sempre deve respeitar a ocorrência temporal dos fatos, independentemente dos recebimentos e desembolsos. 

Por exemplo, uma venda parcelada em três vezes sem entrada refere-se ao mês em que a venda ocorreu para a apuração do resultado desse período, mas o impacto financeiro, ou seja, o recebimento da venda acontecerá conforme acordado, ao longo dos próximos três meses. Sendo assim, a forma como as operações ocorrem em um negócio ocasiona um desencaixe financeiro em relação ao resultado econômico, pois o resultado é apurado pela ocorrência dos fatos e os recebimentos e desembolsos acontecerão a vista ou a prazo.

2) Além disso, misturar o patrimônio da empresa com o patrimônio próprio é inadequado. Considera-se patrimônio o conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou de uma empresa, o que inclui bens, direitos e obrigações. Uma empresa é constituída para dar lucro a seus sócios ou proprietários, já que eles esperam ganhar mais aplicando num negócio de risco, do que estão acostumados a ganhar com suas aplicações como pessoas físicas. Deste modo, os patrimônios  da empresa e de seus proprietários não podem ser confundidos.

Entretanto, é totalmente compreensível que os proprietários de pequenos negócios queiram, ou até mesmo necessitem participar do lucro da empresa. Uma solução possível seria: i) estabelecer retiradas de lucro trimestrais ou anuais, caso a empresa seja lucrativa; ii) definir uma retirada mensal a título de pró-labore, uma espécie de remuneração mensal do (s) proprietário (s) considerada despesa da empresa. Deste modo, seria possível conciliar a remuneração do trabalho exercido na empresa, o que acontece na grande maioria dos casos, com a manutenção da saúde financeira e manutenção do capital da empresa.

3) Estabelecer um mínio de registros e gestão financeira é crucial. Portanto, recomenda-se o registro de todas as entradas e saídas de recursos, independentemente do valor e do tipo da operação. Isso é crucial para se estabelecer uma gestão financeira, neste caso gestão de caixa. Não é possível gerir, planejar e controlar sem registros básicos. Tais registros quando organizados formarão o fluxo de caixa da empresa, o que permitirá controle e planejamento financeiro. Para tanto, os registros precisam ser diários para que seja possível se elaborar o fluxo de caixa mensal e anual.

Adicionalmente, tal gestão de caixa consiste no pontapé inicial para a precificação de produtos e serviços, apuração do resultado e controle do capital de giro. Lembramos que o capital de giro são os recursos necessários para o funcionamento de qualquer empresa, por exemplo, os investimentos em estoques e em vendas a receber, e obrigações diversas, como fornecedores, salários e impostos sobre as vendas. Neste link você pode encontrar uma ferramenta básica que pode te ajudar com a gestão de caixa do seu negócio.

4) Para finalizar, segue algumas recomendações que podem surtir efeitos no ciclo de caixa da empresa (período em que a empresa precisa de dinheiro para financiar as suas atividades, independentemente se for capital próprio ou de terceiros), cuja utilidade se tornam ainda mais evidentes e função do impacto econômico ocasionado pela crise da Covid-19: 

  • Renegocie dívidas com fornecedores e instituições financeiras. 
  • Como estão as receitas? Considere, com base em seus custos, vender de outras maneiras, por exemplo, via cartão de crédito, boleto bancário, à vista com desconto, com prazo estendido, por meio de pacotes promocionais.
  • Readéque os custos fixos e variáveis diante dessa (nova) realidade. Dedique atenção especial aos custos que se repetem mensalmente mais ou menos no mesmo patamar financeiro (fixos).
  • Cuidado com os estoques. Considere estocar o mínimo possível, já que estoque é sinônimo de investimento e pode gerar gastos para a sua manutenção ou mesmo se tornar obsoleto.
  • Otimize os prazos relacionados ao capital de giro: aproveite benefícios trabalhistas e fiscais, negocie prazo com fornecedores, adote/reveja políticas de compras, vendas e cobrança.
  • Busque aumentar mercado digital. 
  • Se necessário, procure linhas de crédito.

Convém destacar que, a gestão de caixa deveria ser uma tarefa habitual, pois é fundamental para a sobrevivência de qualquer negócio. Entretanto, a partir da pandemia, apenas 12% das pequenas empresas começaram a fazer gerenciamento de suas contas. Assim, uma dica final: o que seria o básico e fundamental passa a ser um fator de diferenciação e de sobrevivência. Não deixe de acessar a nossa ferramenta para iniciar a gestão de caixa do seu negócio, para garantir a oxigenação da sua empresa e a sua perpetuação ao longo do tempo.

Ter controle e conhecimento sobre as finanças de sua empresa é essencial. Por isso, um curso de Gestão Financeira pode ser o ponto de partida para que você descobrir estes e outros conceitos que te auxiliarão a manter um bom fluxo de caixa, mantendo o financeiro sob controle.  A UNIPAR EAD oferece ainda cursos nas áreas de Administração e Ciências Contábeis.

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