Este mês de Julho ainda não acabou e já está marcado na história. Uma pena é ele ser lembrado por coisas tristes como as mortes de grandes escritores brasileiros. Nossa rica literatura está em luto.
Curiosamente, quatro ilustríssimos escritores brasileiros nos deixaram em questão de dias. Até parecia mentira e chegaram a anunciar a morte de Ariano Suassuna antes mesmo de ela ocorrer.
Já no início do mês, no dia 3 de julho, aos 79 anos faleceu o poeta Ivan Junqueira vítima de uma insuficiência respiratória. Depois, no dia 18 de julho, foi a vez de João Ubaldo Ribeiro nos deixar devido a uma embolia pulmonar e, horas depois, Rubem Alves teve uma falência múltipla de órgãos e também não resistiu. Como se a tristeza no mundo da literatura ainda já não fosse o bastante, há dois dias (23) Ariano Suassuna, que havia sofrido um AVC do tipo hemorrágico na última segunda-feira, também faleceu.
A sensação que fica é estranha e o sentimento é de emoção. É nessas horas que há a reflexão sobre toda nossa história e os registros que estes mestres da literatura nos deixaram. Obras incríveis que serão lembradas para sempre na história brasileira. Exemplos, ícones e ídolos, estes homens nos deixaram lindas interpretações sobre tudo. Definitivamente, julho de 2014 deve ser um mês a ser esquecido.
VIVA ARIANO SUASSUNA!!!
“Há duas raças de gente com as quais simpatizo: mentiroso e doido, porque eles são primos legítimos dos escritores”
“Sempre me vêm com estatísticas, tentando provar que viajar de carro é mais perigoso, que as estradas são cheias de buracos. E eu respondo: ‘Pior é no avião, que o buraco acompanha a gente o tempo inteiro”
“A alma humana divide-se no hemisfério rei e no hemisfério palhaço. O que há de trágico é ligado ao primeiro, e o que há de cômico, ao segundo. O hemisfério rei se complementa com o hemisfério profeta. O hemisfério poeta, com o palhaço. No meu entender o ser humano tem duas saídas para enfrentar o trágico da existência: o sonho e o riso”
“Eu tenho dentro de mim um cangaceiro manso, um palhaço frustrado, um frade sem burel, um mentiroso, um professor, um cantador sem repente e um profeta”
“Estendo meu horror ao terrorismo aos atos praticados pelos americanos. O pior terrorismo é o de Estado. As pessoas que derrubaram as torres de Nova York: é um ato reprovável, mas são corajosos. Enfrentaram e morreram. O terrorismo de Estado é ao abrigo de qualquer risco.”
“Um marco de minha vida foi a leitura de uma frase d’Os Irmãos Karamazov’: ‘Se Deus não existe, tudo é permitido’. Sartre tirou essa dúvida, porque a frase é duvidosa. Ele disse: ‘Deus não existe, portanto tudo é permitido’. Eu tirei a conclusão contrária, eu digo que nem tudo é permitido e portanto Deus existe. Ou a norma moral tem um fundamento absoluto, ou ficaria ao sabor da opinião individual de todo mundo, inclusive de estupradores e assassinos”
“Posso dizer que, como escritor, eu sou, de certa forma, aquele mesmo menino que, perdendo o pai assassinado no dia 9 de outubro de 1930, passou o resto da vida tentando protestar contra sua morte através do que faço e do que escrevo (…)”
“A meu ver, o arraial de Canudos —antecedido pelo de Palmares e sucedido pelo do Contestado— é o episódio mais significativo da nossa história. Na verdade, foi ali que o Brasil real pela primeira vez expressou seu sonho religioso e político, formulando uma teoria do poder posta em prática sem imposições ou deformações que lhe viessem de cima ou de fora”
“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
“A massificação procura baixar a qualidade artística para a altura do gosto médio. Em arte, o gosto médio é mais prejudicial do que o mau gosto… Nunca vi um gênio com gosto médio.”
“Eu digo sempre que das três virtudes teologais chamadas, eu sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança. Eu sou o homem da esperança.”
“Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.”
“… que é muito difícil você vencer a injustiça secular, que dilacera o Brasil em dois países distintos: o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.”
“Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.”
“Não troco o meu “oxente” pelo “ok” de ninguém!”
“”Tenho duas armas para lutar contra o desespero, a tristeza e até a morte:
o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.”
“Venha sexta musa mensageira, do reino de Eloim, me traga a pena de Apolo e escreve aqui por mim: O Assassino da Honra ou A Louca do Jardim!”
“Quando eu morrer, não soltem meu cavalo
nas pedras do meu pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu dorso alardeado,
com a espora de ouro, até matá-lo.”
“Dizem que tudo passa e o tempo duro tudo esfarela.”
“Terceira idade é para fruta: verde, madura e podre.”
“Só o tempo determina se o que foi escrito fica.”
“A humanidade se divide em dois grupos, os que concordam comigo e os equivocados.”
“Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas.”
“No Nordeste, a gente chama a morte de Caetana. Eu não gosto dela não. Eu me recuso a morrer. Toda morte tem um componente de suicídio, e eu não me rendo”
“Na minha visão, a literatura –e a arte de modo geral– é uma forma precária, mas ainda assim poderosa de afirmar a imortalidade. Também na minha visão, o homem não nasceu para a morte, nasceu para a vida e para a imortalidade”
“Tudo que é vivo, morre.”
Enciclopédia Nordeste: Biografia de Ariano Suassuna – http://goo.gl/8jHQEF
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